segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O dia que eu virei jornalista


Segunda-feira, 02 de fevereiro de 1987:
Com 19 anos, saio de casa para o meu primeiro dia de trabalho na sucursal do jornal carioca O Nacional achando que vou ser produtora, secretária ou algo assim.
Dirijo minha Vespa azul prateada a caminho do semanário dirigido pelo jornalista Tarso de Castro (pai de João Vicente de Castro, um dos comediantes do Porta dos Fundos).
Na redação paulistana trabalham meu pai, Mylton Severiano da Silva, Alex Solnik e outros feras como Cláudio Abramo - que ia pouco à redação, de carona com Solnik.
Naquela manhã em que eu cheguei esbaforida, insegura por causa da nova ocupação, encontrei meu pai e a fotógrafa Marisa Uchiyama falando dessa notícia da Folha:


Skinheads tentam invadir o Palace, em São Paulo, armados de facas, estiletes e pedras

Na Folha tinha uma foto dos carecas deitados na rua, algemados de barriga para baixo. "E a versão deles? Isso é a matéria! Será que conseguimos?", meu pai provocou

Eu tinha uns chegados que conheciam os skinheads, podiam ajudar. "Então você faz a matéria", Mylton Severiano decidiu. Daí fiz. Com a fotógrafa Marisa, passei uma manhã em Itaquera com os carecas, fui ver onde viviam, o que pensavam, quem eram, afinal. Rendeu página espelhada (aquela que fica ao lado uma da outra) e chamada na capa.

Na capa, ganhei janela (à direita): a reportagem foi editada no Rio pelo Palmério Dória


Detalhe da capa em destaque: estreei no time de Tarso de Castro e Cláudio Abramo


                                      A página espelhada: uma ao lado da outra para dar destaque



Minha assinatura de estreante: Lidice Severiano da Silva. 
A aranha no detalhe dessa paginação foi tirada do pescoço de uma skinhead. 
Depois dessa matéria, vieram várias outras - até que o jornal fechou. Tristeza.

Um comentário:

  1. Cara Lili, o Blogspot não tem botão de like até hoje? Adorei conhecer a sua estreia na profissão! Bjs. Ferdi

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